sábado, 4 de setembro de 2021

Aula de LP

Momento do Me Lendo realizado por min.

A aula de hoje foi bastante proveitosa, participei do projeto "Me Lendo" recitando o poema Confissões partidas de Cora Coralina.  

Esse poema reflete um pouco sobre min pois acredito que é preciso sermos sujeitos do diálogo. Abertos para construir e reconstruir nossos pensamentos, que talvez sejam enraizados e preconceituosos. Tive como objetivo levantar uma reflexão nos discentes para que eles possam estar sempre abertos aos diálogo, esquecendo a violência como forma de se defender ou criticar algo. 

Segue o poema declamado por mim. 

Quisera eu ser dona, mandante da verdade inteira e nua,

que nua, consta a sabedoria popular, está ela no fundo de um poço fundo,

e sua irmã mentira foi a que ficou em cima beradiando.

Quem dera a mim esse poder, desfaçatez, coragem de dizer verdades…

Quem as tem? Só louco varrido que perdeu o controle das conveniências.

Conveniências… palavras assim de convênio, de todos combinados,

força poderosa, recriando a coragem, encabrestando a vontade.

Conveniência… irmã gêmea do preconceito, encangados os dois,

puxando a carroça pesada das meias verdades.

Confissões pela metade…

Quem sou eu para as fazer completas?

Reservas profundas, meus reservatórios secretos, complexos,

fechados, ermos, compromissos íntimos e preconceitos vigentes, arraigados.

Algemas mentais, e tolhida, prisioneira, incapaz de despedaçar a rede

onde se debate o escamado da verdade…

Qual aquele que em juízo são, destemeroso dos medos

para dizer mais do que as meias dissimuladas, esparsas?

A gente tem medo dos vivos e medo dos mortos.

Medo da gente mesmo.

Nossas covardias retardadas e presentes.

Assim foi, assim será.

Cora Carolina no livro “Vintém de cobre: meias confissões de Aninha”, 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p. 146.


Postagem Referente: 25/08/2021

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