que nua, consta a sabedoria popular, está ela no fundo
de um poço fundo,
e sua irmã mentira foi a que ficou em cima beradiando.
Quem dera a mim esse poder, desfaçatez, coragem de
dizer verdades…
Quem as tem? Só louco varrido que perdeu o controle
das conveniências.
Conveniências… palavras assim de convênio, de todos
combinados,
força poderosa, recriando a coragem, encabrestando a
vontade.
Conveniência… irmã gêmea do preconceito, encangados os
dois,
puxando a carroça pesada das meias verdades.
Confissões pela metade…
Quem sou eu para as fazer completas?
Reservas profundas, meus reservatórios secretos,
complexos,
fechados, ermos, compromissos íntimos e preconceitos
vigentes, arraigados.
Algemas mentais, e tolhida, prisioneira, incapaz de
despedaçar a rede
onde se debate o escamado da verdade…
Qual aquele que em juízo são, destemeroso dos medos
para dizer mais do que as meias dissimuladas,
esparsas?
A gente tem medo dos vivos e medo dos mortos.
Medo da gente mesmo.
Nossas covardias retardadas e presentes.
Assim foi, assim será.
Cora Carolina no livro “Vintém de cobre: meias confissões de Aninha”, 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p. 146.
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